Clips e Tombos

terça-feira, 4 de outubro de 2011

     Antes de trocar meus pedais originais por pedais clipless fiz muita pesquisa para saber quais as vantagens, qual a melhor marca, melhor custo benefício etc. Demorei pra escolher um, por que são muitos detalhes a se pesquisar. Enfim, escolhi o Shimano M520 SPD.

     Quando saí do cicle só tinha uma coisa em mente: NÃO POSSO CAIR.

     Os colegas mais experientes já haviam me falado que, inevitavelmente, eu iria tomar muitos tombos. _É cara. Tu vai tomar uns quatro ou cinco tombos na primeira semana. Não tem jeito. Até seu cérebro se acostumar... Eu achei que era mau agouro.
   

     Saí no transito com medo de clipar a sapatilha. Só fui clipar quando cheguei à autoestrada (Rio - Santos).

     Aí eu vi como o negócio é bom. A sapatilha, justinha no pé, alinhou minhas pedaladas, me dando mais confiança pra forçar, sabendo que não ia escorregar. Nas subidas a diferença de desempenho era nítida. Subi o Belvedere brincando. Na descida só não corri mais porque não tinha mais marcha. Fiz 55 km/h. Um recorde para mim  que sou iniciante e para o tipo de bike que tenho.

     Voltando ao Perequê, entrei numa estradinha de terra a direita. Era uma descida íngreme e um pouco esburacada. Meu celular, que uso como GPS e velocímetro, não estava bem preso no suporte (aliás, vendo suporte de GPS e celular para bicicleta) e num buraco mais fundo ele caiu no chão. Freei a bike e fui fazer a curva pra pegar o cel. Passei num monte de areia. Como meu pneu é slick (liso), derrapei. Sem clips, teria me apoiado e não teria caído. Com clips, fui ao chão. Pensei: _pronto. Fez-se a profecia. Levantei, me limpei, andei mais um pouquinho, peguei o celular no chão, montei na bike e fui pra casa sem clip.

     Cheguei a casa, a Raquel e a Amanda já estavam me esperando para o passeio daquela manhã. Cachoeira Joelão.

     Ajeitamos as coisas e partimos.

     Andei sem clips até sairmos do asfalto.

     Minha filha ainda estava aprendendo a passar as marchas. Quando chegamos à ponte que atravessa o Rio Mambucaba falei para a minha filha passar a marcha mais leve para poder subir a rampa de acesso. A coitadinha até que tentou, mas ficou nervosa e parou a bike. Eu, que estava colado atrás dela, parei também. Só me esqueci de um detalhe: Destravar a sapatilha. Conclusão: SEGUNDO tombo com direito a plateia. Esposa, filha e transeuntes. Levantei, desajeitado, sorriso envergonhado e empurrei bike o mais rápido possível, ponte acima,  para sair logo dali.


     Continuando o passeio, a Raquel cismou em tirar fotos da Amanda perto de uma roda de moinho de farinha antiga, no alto de um morro, onde o pai dela a levou a duzentos anos atrás. A Amanda, como uma lebre, subiu o morro num tiro só para mostrar que tinha aprendido a passar marcha. Eu, feliz pelo seu desempenho, fui atrás. Passei a menorzinha. Quer dizer... Achei que passei. A corrente pulou e caiu entre a catraca e a raiação. Sem tração, o giro do pedal aumentou e no desespero o obvio aconteceu. TERCEIRO tombo. Dessa vez tirei um fino da cerca de arame farpado da fazenda ao lado. Caí por cima da bike. Ganhei um lanho nas costelas. Um grito de CUIDADO PAI! de minha filha e uma sequência de fotos da Raquel para foto cacetada do Blog. Levantei desengonçado. Dessa vez com menos vergonha por que estávamos em família. Família é tudo de bom mesmo. Podemos cair e levantar quantas vezes forem necessárias e eles estarão lá para nos apoiar.

     Nesse dia não levei mais tombo. Nem em nenhum outro dia. Graças a Deus. O cérebro está acostumando a ser cauteloso. Destravo as sapatilhas bem antes de qualquer parada prevista. Perto de crianças. Próximo a veículos no transito etc.

     Desde quando comecei a usar Pedal clipless, nunca cogitei a hipótese de troca-los por um plataforma. Agora que parei de cair, me sinto seguro até pra recomendar a qualquer um que quiser levar sua pedalada um pouquinho mais a sério.

     Alias, aquele dia compensou todas as quedas.

     Abaixo seguem mais algumas fotos daquele dia dos tombos.


Esse foi épico

Cara de decepção
Sorriso da aceitação
Represinha


Minhas meninas


    
    
    



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